Friday, April 20, 2007

coisas que ficaram de fora




Enquanto faço um pausa longuíssimmmmaaaaaaaaaaaa na publicação de mais um texto sobre outra canção, aqui deixo uma coisita que ficou por publicar no cessado UM:

NIRVANA- THE TRUE STORY
Everett Trues
Omnibus Press
Precisará o mundo de mais outro livro dedicado ao grupo americano? O jornalista britânico Everett True acha que sim e tem um currículo que lhe confere alguma autoridade na matéria. Afinal foi ele que, perante a indiferença de 99% da imprensa musical, acompanhou como jornalista do Melody Maker os primeiros anos da explosão de Seattle (1988-1991). Testemunhou a construção da Sub Pop, ajudou a divulgar os Nirvana, de quem se tornaria amigo, e trouxe o rock americano de volta às páginas dos jornais ingleses. Eis um currículo que justifica, pelo menos, alguma curiosidade em torno de Nirvana-The True Story. Mas o interesse do livro não se fica pelo tema. Vive também na forma como este é tratado, algures entre a biografia do grupo e a do próprio Everett True.
As recordações sobressaem num diálogo escrito, com músicos, editores e outras personagens, e predomina uma oralidade que não é, de todo, estranha à escrita jornalística. Como se estivesse perdido num solitário ajustes de contas com o passado, o autor interrompe-se, lamenta a falha de memória, e revolve, entre outros assuntos, a sua atracção por Courtney Love, a amizade com os Nirvana ou a paixão genuína por certas bandas. No fim, por vezes, só restam contradições irresolúveis, sem resposta, que ameaçam exasperar o leitor menos avisado. Este pudor involuntário acaba por ser oportuno, como acontece nas páginas dedicadas ao último ano da vida do músico de Aberdeeen, e permite que se abram clareiras: as ligações dos Nirvana à cidade de Olympia, a primeira digressão na Inglaterra, os grandes concertos do início dos anos 90 (Reading 91 e 92) e a construção da América como bastião final do rock. No fim é também um livro sobre o jornalismo musical e as suas ilusões, descobertas, desilusões. Sobre o que é gostar de um banda de que ninguém (ainda) gosta, quando ninguém (ainda) está a ouvir.

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